A expressão New Criticism refere
se invariavelmente aos nomes e aos trabalhos dos críticos americanos John Crowe
Ransom, William K. Wimsatt, Cleanth Brooks, Allen Tate Richard Palmer Blackmur,
Robert Penn Warren e ao do filósofo Monroe Beardsley, os quais escreveram as
suas obras mais influentes durante as décadas de 40 e 50. Aliás, a designação
surgiu exatamente porque esse era o título de uma das obras de John Crowe
Ransom, publicada em 1941. No entanto, o inglês I. A. Richards, bem como o
anglo americano T. S. Eliot, são tidos como os grandes inspiradores de uma
prática crítica cuja ênfase se situava maioritariamente no texto ou na escrita.
Essa inspiração foi claramente admitida embora também se sublinhassem reações
próprias, designadamente a rejeição da teoria psicológica de I. A. Richards
(Vd. Richards, 1920) por parte dos vários autores americanos envolvidos,
nomeadamente por Cleanth Brooks numa preciosíssima entrevista concedida em 1975
(Brooks, 1975: 1 35).
A crítica daquilo a que Wimsatt e
Beardsley chamaram ”falácia intencional” e ”falácia afectiva” constitui talvez
o mais estruturado conjunto de ideias por que este movimento se pretendia
afastar dos aspectos extra textuais no estudo da poesia.
Os nomes dos ingleses William
Empson e F. R. Leavis são também quase sempre associados ao movimento, na
medida em que também a sua atividade crítica é fortemente marcada por uma
mesma rejeição dos modos críticos e de investigação de tipo biográfico,
sociológico e historicista. Aliás, a influência de Richards na crítica
literária inglesa exerceu se sobretudo através do seu discípulo William Empson,
que em Seven Types of Ambiguity, publicado em 1930, oferecia um desenvolvimento
prático e analítico da insistência de Richards (Vd. Richards, 1924) na atenção
que o crítico devia dar a todas as particularidades de um texto literário, e
que ficou conhecido por close reading ou método de leitura próxima do texto.
Diga se também, no entanto, que a
hostilidade para com a teoria que Empson sempre manifestou não encontra grande
suporte na obra de Richards, e muito menos um eco significativo nos seus
congeneres americanos. Registe se esta afirmação de William Empson: “Um crítico
deve confiar no seu próprio nariz, como o cão de caça, e se deixar que um
qualquer tipo de teoria ou princípio o distraia disso, então ele não está a
cumprir a sua tarefa.” (W. Empson, 1950: 594). Este foi o modelo que durante
várias décadas dominou a crítica literária inglesa. Não admira, por isso, que
fosse a parte americana, mais receptiva ao desenvolvimento sistemático de ideias
que a teoria possibilita do que ao dogmatismo das asserções que o «faro»
crítico impõe, a construir alguns dos principais textos teóricos do nosso
século, possibilitando uma pujança e uma produtividade na investigação
literária que até há bem pouco tempo não encontrava paralelo em Inglaterra. É
por isso que merecem ser registadas as diferenças que L. C. Knights assinala
entre o chamado Cambridge Criticism (Escola de Cambridge), ou a vertente
inglesa do New Criticism, e o New Criticism norte americano: “Em várias e
algumas vezes conflituosas publicações, a crítica de Cambridge (Cambridge
Criticism) parece ser sido vista no mundo literário como um aliado ou um
percursor do New Criticism americano, um método de leitura próxima do texto,
bem como de análise (close reading and analysis). Esta designação é inadequada.
Claro que era importante desde o início que a nova Escola encorajasse a fruição
direta, pessoal da literatura: falando cruamente, ela queria que os estudantes
fossem leitores inteligentes, em vez de eruditos e historiadores da literatura.
(...) Quando apareceu o Seven Types de Empson e as primeiras obras publicadas
de Leavis, [estes trabalhos] pareciam confirmar a noção de que o traço
distintivo da crítica de Cambridge era o rigor analítico. Mas isto não faz
justiça à ideia (...) da nova Escola. (...) Esta abordagem orientava se para a
qualidade de vida dos indivíduos e, portanto, para a qualidade da civilização
que os enformou e pela qual eles eram responsáveis.” (L. C. Knights, 1987: 164 165).
Bibliografia
Cleanth Brooks: «Notes for a Revised History of
the New Criticism: An Interview», in Tennesse Studies in Literature, vol. XXIV,
1979; David Lodge (org.): 20th Century Literary Criticism—A Reader, 1977; I. A.
Richards: Science and Poetry, 1920; Principles of Literary Criticism, 1924; L.
C. Knights: «Cambridge Criticism: What was it?», in Robert Druce (org.),
(1987); Robert Druce (org.): A Centre of Excellence. Essays Presented to
Seymour Betsky. Costerus, vol. LVIII, 1987; William Empson: Seven Types of
Ambiguity, 1930; «The Verbal Analysis», in Kenyon Review, vol. XII, 1950;
William K. Wimsatt & Monroe Beardsley: «The Intentional Fallacy», 1946, in
David Lodge (org.), 1977; «The Afective Fallacy», 1949, in David Lodge (org.),
1977.
http://www.mc.maricopa.edu/users/eberle/svcInewc.htm
Muito bom, obrigada!
ResponderExcluirFiz uma pausa nesse projeto, mas logo retornarei com mais conteúdo.
ExcluirÓtimo, me ajudou muito, parabéns!
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